Depois de um dia de chuva miudinha mas constante, o sol fez esta aparição perfeita na despedida: um rio de amarelo intenso, magnífico de cortar a respiração, a tocar os montes, e a esgueirar-se no céu que permaneceu azul chumbo.
É a hora do crepúsculo, cheia de glória e de poesia. É o dia que se despede numa moldura sublime de outubro e de outono, a anunciar outras horas de beleza da estação da nostalgia e do recolhimento.
É a hora dos vampiros acordarem. Dos lobos. Das bruxas preparem os terreiros para a festa. E de eu fechar a janela, deixando uma pequena brecha: os binóculos que me permitem encontrar a madrugada sempre que quiser. Quando tudo for negro para além dos cadeeiros da rua, e se instalar o silêncio. [Há dois dias que não ouço o cuco cantar! Desconfio que partiu com as andorinhas à procura de outras primaveras]!💚